domingo, 25 de julho de 2010

Homo cyber, Um Medroso Carente


A internet é um exemplo da cultura do medo e da necessidade de suprir nossas carências em que hoje vivemos. Por medo da violência, do terrorismo e crimes, nos enclausuramos em nossas casas. Para atender aos nossos desejos de se comunicar com alguém, conversamos pela internet, onde mostramos ser, muitas vezes, o que não somos ou gostaríamos de ser.

Criamos um mundo paralelo, uma vida idealizada e nos preenchemos com informações inúteis para conversarmos com gente que nunca vimos no mundo real. Assim como a glicose baixa o nível de ácool no sangue, quando queremos ser mais terráquios e baixar nossa taxa virtual, a fim de não termos uma overdose cybernética, entramos no google earth e olhamos se nosso quintal está sujo.

É seguro, simples e não preciso me levantar da cadeira. Evito de levar um tiro na cabeça, mas quem sabe não arranjo um infarto, ou no mínimo uma tendinite de tanto clicar em coisas fúteis. Se dizem que na vida a única coisa que não podemos evitar é a morte, então morro em casa, sem medo enquanto meu avatar desbrava o mundo da idade média em um jogo online qualquer.

Deixei de ser Homo sapiens para ser Homo cyber. Sou mais inteligente, mais ágil, mais dinâmico, mais gordo, mais careca, com menos vida e menos me pareço com o homem natural. Sou escravo da tecnologia? Ou sou escravo do meu medo? Acho que sou escravo da minha mente que me deixa com medo, que me deixa carente. Ainda bem que tenho uma vida virtual feliz.

Nenhum comentário: